***Época***









                      Sempre fui uma pessoa fascinada por coisas antigas. Não foi à toa a minha escolha por História. Sou fascinada por suas roupas antigas. Arquitetura. Artes. Tudo o que pode ser descoberto através de um texto de época. Está semana li uma frase: "Não se pode viver uma determinada época fora de sua época." Achei interessante. Vemos que em alguns momentos históricos houve inspirações de outras épocas, como por exemplo, a Idade Moderna (1453 do século XV até 1789 do século XVIII), que teve inspiração na Grécia Antiga e em seus grandes pensadores. É como hoje em dia, vemos inspirações nos anos 90 em questão de música, moda e games, mas não estamos em 1990 e não podemos viver como se estivéssemos. As situações são totalmente diferentes. As tecnologias que temos hoje, muitas delas eram impensadas. A política passava por uma grande transformação tanto aqui no Brasil se reerguendo depois de tantos anos de Ditadura Militar, quanto no mundo todo depois da Queda do Muro de Berlim. Pessoas que estavam na nossa vida e não estão mais e por aí vai...
                       Naquela época, eu era uma criança, então não dá para viver aquela época com aquilo que tenho em minha mãos hoje. Hoje, sou uma mulher de 35 anos. Quase graduada em História. Lidando com várias perdas, principalmente com a morte da minha mãe. Como vou querer viver uma época que não cabe em mim? É como eu vestir uma roupa do século XIX e sair pela rua. É lindo, mas é inadequado para esta nossa época. 
                       Em Santos, tem o Museu do Café. Um antigo prédio da Bolsa de Valores que conta toda a trajetória do café aqui no Brasil. Lá dentro, tem um local que tem várias roupas da época para se tirar fotos. O fotografo e o local representando todo aquele momento. A máquina fotográfica parece aquelas máquinas antigas, mas na verdade é uma bela máquina fotográfica digital que tem a sua revelação na hora. Tudo é perfeito para nos dar a "sensação" de estarmos naquela época. Para finalizar tudo, a revelação é em preto em branco. Imediatamente, nos remete para aquele momento. Mas, tem um pequeno detalhe. Estamos em pleno século XXI. Como foi falado, é desproporcional aquela roupa hoje em dia. Como nós mulheres, iríamos trabalhar com um vestido daqueles? Andar de ônibus? Andar de moto? Totalmente fora de contexto. E porque insistimos em conviver com sentimentos e até pessoas que não nos cabem mais? Ainda insistimos em ficar remoendo um passado que nem as próprias pessoas envolvidas não fazem mais parte da nossa vida? 
                       Existem épocas que nunca saberei exatamente como foram porque não vivi. Da mesma forma são os sentimentos das outras pessoas. Nunca saberei exatamente o que a outra pessoa sentiu quando fez aquilo comigo porque eu não estou nela. A minha responsabilidade é com os meus sentimentos e o que eu faço com eles e com o que me é dado. Não posso viver uma vida pela qual não me pertença. Não adianta eu ler a biografia de Maria Leopoldina e a partir de hoje querer ser a Maria Leopoldina. Não! Devo viver como a Valéria que passou por muitas situações doídas, mas que aos poucos está tirando as velhas roupas e assumindo o seu papel de viver um novo momento histórico de sua vida. Sem querer ter sensações de um passado tão longínquo...






                                                                                 Valéria Rocha Santos


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