***Os Dois Caminhos***





                       "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."



                        Hoje, eu fui fazer estágio numa aula de Filosofia e como eu comentei para o meu amigo, numa aula de Filosofia ou você sai refletindo sobre a vida ou acaba se matando. Eu sei, é um exagero, mas tem o seu fundo de verdade. Na aula, foi discutido sobre o prazer do consumismo e durante a aula os alunos iam comentando o que estava entendendo sobre o texto. Um das coisas mais faladas foi de que a vida é feita de pequenos prazeres. Desde que a gente se entende por gente sabe disso, a alegria vêm dos pequenos momentos da vida. Mesmo sabendo disso a gente sempre espera pelo momento que seremos felizes para sempre, o Grand Finale da vida. Mas, durante a discussão o professor falou uma coisa que vou ser sincera me incomodou bastante, ele falou: "- Depois de um grande prazer pode vim uma dor e como tudo na nossa vida tem o lado bom e o ruim. Existem pessoas que fazem de tudo para não sentirem dor, mas ao tempo elas não vivem porque não tem prazer e se não vivem não existem." Fiquei pensando o quanto a dor e o prazer estão intimamente ligadas. Logo em seguida, que eu ouvi isso do professor, me lembrei dessa frase do Oscar Wilde e conforme fui pensando nesse texto, me lembrei também de um versículo bíblico: "A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo." (João 16,21). É verdade, a gente ver tantas mulheres que durante a gravidez passam por tantas dificuldades, passam mal com enjôos, dores, insônia, mas quando a criança nasce nem se lembram do que passaram e para sempre o que fica na memória é esse pequeno momento de felicidade que se torna um maiores momentos da vida. 
                             Eu sempre fui uma pessoa muito perfeccionista e exigia essa mesma perfeição das outras pessoas. Desde os meus 18 anos, eu planejava a minha vida inteirinha. Aos 35 anos, eu tinha certeza que eu estaria morando na Itália fazendo o meu mestrado e morando com o meu filho feito em produção independente. Hoje, aos 35 anos nem cheguei perto disso. Estou indo para o 4° Período da Faculdade de História, não tenho filho, o mais distante que eu fui de São Paulo foi para a Bahia. Não estou contando isso para ninguém ficar com dó, porque eu sou muito grata pelo o que eu tenho até aqui e só eu sei quantas lágrimas eu derramei para chegar aonde cheguei. Até os meus 23 anos, fui muito impulsiva, se eu queria algo eu corria atrás de qualquer jeito, fosse o que fosse. Fosse um emprego, quando eu coloquei na cabeça que iria trabalhar na Avon, corri atrás e consegui. Quando eu me apaixonava por alguém ia atrás e ficava com a pessoa. Mas, chegou um momento da minha vida que eu fui cansando dos sofrimentos que eu já havia passado e também das frustrações, quando eu vi estava afundada numa depressão profunda e a depressão é uma morte em vida. Você não tem esperança de nada, tanto faz subir como descer. As suas vontades são nulas. Eu tive crises de ansiedades dois anos antes da minha mãe falecer e quase dois anos depois que ela morreu eu tive outra. Já passava com psicóloga, mas não queria de jeito nenhum tomar remédios, já havia tomado e no meu caso não resolveu para nada. Foi muito difícil, porque dessa vez não tinha a mãe para me apoiar e segurar a minha mão, então durante a madrugada sozinha tinha que fazer ao máximo para me controlar, chamava algumas pessoas no Whatsapp para não enlouquecer. Tinha momentos que eu pensava se eu tiver outra crise vou me matar, mas quando eu pensava nisso, logo pensava na minha mãe o quanto ela lutou para viver, fez todo o tratamento que pôde, não era justo fazer isso com ela, eu tinha que ser forte por ela. Depois, eu pensava no meu pai. Não era justo dar essa tristeza para ele depois de perder a minha mãe. E depois, pensei em mim. Não era justo não aproveitar dessa dádiva de Deus chamada Vida. Foi tudo um processo, primeiro a minha mãe, segundo o meu pai e terceiro eu. Para uma pessoa que chegou num estágio de depressão grave conseguir reverter para uma depressão baixissíma sem remédio, só pode ser milagre. 
                         Por que a aula de hoje mexeu comigo? Porque eu me tornei uma pessoa que foge das dores. Morro de medo de decepcionar com as pessoas, terminei o meu namoro e faço de tudo para não me apaixonar por ninguém, porque inconscientemente eu acho que qualquer rapaz que eu me envolva vai ser pilatra como os outros foram. Que me farão sofrer, eu sei que não faz sentido, mas é dessa forma que eu acabo agindo sempre na defensiva. E por ser perfeccionista eu fico esperando que as coisas aconteçam do jeitinho que eu sonhei, mas eu sei que não vão acontecer. As melhores coisas da minha vida não foram planejadas, somente foram acontecendo porque eu estava disposta. O melhor beijo da minha vida foi na pessoa que ninguém acreditava que um dia iria se interessar por mim e de forma inesperada. Estou dividindo a minha história porque muitas vezes têm pessoas que passam por momentos na vida que acham que viver com medo de se arriscar é mais seguro, sem entender que qualquer coisa que queremos na nossa vida requer algum tipo de esforço e por algum momento vai trazer dor. Se eu quero me formar tenho que ler mais, tenho que acordar mais cedo para estudar ou dormir mais tarde, as vezes comer mal, no meu caso deixar de ir na academia, mas sabendo que não vai ter preço que pague a alegria de me ver formada. Para uma pessoa ter uma família bacana também exige algum tipo de esforço. Qualquer prazer vem acompanhado de alguma dor, de algum esforço, só não vale pena deixar de viver por medo. Estou falando por experiência própria.






Comentários

  1. Hoje tbem acreduto em momentos felizes, e eles podem acontecer inesperadamente. ..felizes para sempre, é uma utopia, já pensei assim, mas a vida te mostra outra realidade.
    Hoje sei que o que realmente quero tenho que correr atrás, qye só depende de mim e da minha vontade. ..Para de projetar grandes expectativas em outras pessoas e aceita las como realmente são.
    Existe prazer sim em pequenas coisas e existe a dor de decepções, que acontecem as vezes independentes de nós! !!

    ResponderExcluir
  2. O bom é que os sofrimentos passam e sempre aprendemos muito,vamos viver um dia de cada vez e sempre procurando nos melhorar,nos aprimorar para vencermos .

    ResponderExcluir
  3. Muito linda sua história val aprendi bastante com a sua experiência .continue com essa garra mínina mulher Deus abençoe vc 😘😘

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

***Bom Dia,Boa Tarde,Boa Noite-EU PRECISO DE VOCÊ***

***POEMA DE CLARICE LISPECTOR***

***Um Milagre Chamado Lingerie***